PPD/PSD Ponte de Lima: Eleições Autárquicas 2009

15 de junho de 2009

Eleições Autárquicas 2009

Apresentação da Candidatura de Paulo Morais
Candidato à Assembleia Municipal de Ponte de Lima

12 de Junho de 1009

Discurso do candidato

As maratona eleitoral de 2009, com três eleições - europeias, legislativas e autárquicas – chega, ao fim de trinta e cinco anos de regime democrático e numa fase em que os portugueses estão desiludidos com a política
Um total descrédito invadiu as formas de exercício de Poder do Estado português, o legislativo, o executivo e o judicial.
O Parlamento, sede do poder legislativo, não cumpre as missões que lhe estão atribuídas pela Constituição. Deveria fiscalizar a actividade governativa, o que não faz, nem de perto nem de longe. O grupo parlamentar do partido do Governo limita-se a aplaudir de forma acrítica o poder dominante e a maioria dos restantes deputados mais não são do que funcionários dos directórios partidários.
A Assembleia da República deveria ainda produzir legislação de qualidade, que estruturasse com coerência a vida do país e dos cidadãos. Mas também aqui falha em toda a linha. A produção legislativa é extensa e é má. Toda e qualquer lei padece de três funestas características: muitas regras, inúmeras excepções e um ilimitado poder discricionário conferido a quem as aplica.
O poder executivo, o governo, limita-se a cobrar impostos para proporcionar negócios aos amigos e financiadores. Hipoteca o nosso futuro com obras faraónicas como o TGV ou o NAL.
Os ministros percorrem o país em intermináveis sessões de propaganda e, nos intervalos, insultam as várias classes de servidores públicos, os diversos sectores da vida nacional. Hoje insultam os juízes, amanhã tentam humilhar os professores. Tudo o que corra mal, a culpa é do povo, nunca por sua incompetência.
Quanto ao sistema judicial, é melhor nem falar! Há uma ineficácia generalizada do sistema, as polícias e as magistraturas sentem-se inúteis, as decisões dos tribunais oscilam entre o decepcionante e o cómico. Quando políticos como Avelino Ferreira Torres confiam na justiça, quem mais há-de confiar?
E chegámos a este ponto, a este estado deprimente, porque sendo Portugal rico em património e em gente, os seus sucessivos governos não têm sabido aproveitar estas vantagens.
Dispomos de condições naturais, geográficas e humanas únicas. Poderíamos ser desenvolvidos e ricos.
O país tem território e tem gente, ambiciosa e trabalhadora. O ambiente social é o melhor da Europa, os níveis de segurança são invejáveis, a integração dos trabalhadores estrangeiros é pacífica.
E, no entanto, a estrutura produtiva está obsoleta, objectivos estratégicos não há, o estado asfixia a economia.
A localização geoestratégica deste triângulo desenhado por Portugal continental, Açores e Madeira concede-nos a prerrogativa de detentores de meio Atlântico. Poderíamos ser a plataforma de ligação comercial da Europa ao Mundo.
Mas sem o mínimo de organização nos transportes, nas vias de comunicação marítimas, ferroviárias e terrestres, o resultado é penoso.
Temos um clima fabuloso, somos o refúgio temperado da Europa.
Contudo, os portugueses tiritam de frio no Inverno, porque vivem em casas mal construídas. E o turismo, apesar dos progressos, é ainda sazonal e localizado.
Os terrenos e o clima são propícios ao desenvolvimento de agricultura, pecuária e silvicultura de eleição.
Mas o mundo rural está ao completo abandono, salvo a honrosa excepção que é a produção vitivinícola.
Por último, possuímos essa condição de "povo de diáspora, arauto da unidade humana" de que falava Agostinho da Silva. Só que os quase cinco milhões de emigrantes e luso-descendentes espalhados pelo Mundo são desprezados pelas autoridades.
As embaixadas esquecem-nos, os consulados ignoram-nos.
Nem condição eleitoral lhes conferem.
Quantas e quantas oportunidades perdidas por falta de organização adequada do país, e em particular do seu estado!
Mas organização num estado designa-se de política: entregue a uma classe dirigente incapaz, Portugal estará condenado ao subdesenvolvimento. Com outro enquadramento, outras regras, outro tipo de governação e políticos de qualidade, superar-nos-íamos. Se dúvidas houvesse, bastaria observar que são estes mesmos portugueses que constituem 25% da população activa do Luxemburgo, fazendo deste o país mais rico da Europa.
Há que reescrever o enredo desta tragicomédia. É justamente em actos eleitorais que se pode mudar este estado de coisas, não há outro processo em democracia. O povo dispõe ainda dessa arma poderosa, o voto, que deve usar de forma inteligente e estratégica.

E Portugal precisa de um terramoto eleitoral. Ou melhor, de dois. Dum terramoto nas legislativas e oxalá o PSD tenha capacidade para liderar essa mudança, de contribuir para um Parlamento de maior qualidade, com deputados que estejam próximos do seu eleitorado.

E dum outro terramoto, nas eleições autárquicas. Para que as Câmaras deixem de ser centros de negócios para os amigos do poder, para que o poder local deixe de ser uma agência de empregos que tanto custa aos contribuintes.
E passe a cumprir aquela que deve ser a sua missão estratégica principal, cuidar do espaço público, gerar qualidade de vida, organizar o território e geri-lo em função do interesse colectivo.

Portugal precisa duma mudança profunda no poder local, precisa que este sirva os cidadãos.

Disposto a lutar por estas ideias, e tendo percebido a total coincidência de pontos de vista, a identificação ao nível dos princípios com o PSD de Ponte de Lima e os seus dirigentes, percebi que o PSD de Ponte de Lima está do lado certo da barricada.

Não podia pois deixar de aceitar o convite que me dirigiram para encabeçar a lista à AM de Ponte de Lima.

Espero que muitos possam rever neste candidato o retrato de si mesmo desenhado por esse limiano ilustre que foi Norton de Matos:
(e cito)
“Trata-se evidentemente de um candidato de oposição (ao estado em que está) o regime actual, mas dum candidato que exprime uma forte corrente, provavelmente indomada e indomável”.
Tudo farei para estar a altura deste desafio.

Vêm aí pois tempos de mudança.
A campanha que se avizinha não será uma campanha difícil, como dizem. Pelo contrário, será agradável e fácil. Pois que há de melhor do que percorrer as freguesias de Ponte de Lima, falar com os limianos, ouvir os seus anseios e problemas?
E teremos a oportunidade de apresentar a nossa visão e as nossas propostas.
Não é isto mesmo a essência da democracia?
Sabemos que difícil será atingirmos o objectivo a que nos propomos: ganhar a Câmara, a AM e um número significativo de freguesias,
Mas como muitos sabem, já participei em processos perdidos à partida que acabaram por sair vitoriosos. Digo-o sem falsa modéstia, mas sobretudo com a convicção de que estes milagres eleitorais nunca resultam do rasgo individual, mas da vontade, da vontade de cada um, E sobretudo da vontade do grupo, da vontade colectiva, que vale muito mais do que a soma das vontades individuais.
E é esse o apelo que eu aqui deixo, o de uma forte solidariedade no grupo, construamos juntos uma fortíssima vontade, que como sabemos move montanhas.
Iniciamos agora um percurso longo, trabalhoso, mas estimulante. Espero que cheguemos ao final vitoriosos.
Mas mais importante do que ganhar é apresentarmos propostas sérias e concretizá-las em caso de vitória.
Este é um exemplo que peço a todos os elementos da lista.
Uma das razões da descridibilização da política em portugal é justamente esta: os políticos raramente dizem o que querem e quando o dizem, se eleitos, fazem exactamente o contrário do que prometeram.

Mas saibamos aqui dar o exemplo e sobretudo preocupa-me que em caso de vitória, sejamos dignos dessa vitória, tenhamos a capacidade de servir os limianos como eles merecem.
É este o meu maior voto. Sejemos merecedores da confiança que Ponte de Lima deposite em nós, seja qual for a sua dimensão eleitoral.
É ao serviço das gentes indomáveis de Ponte de Lima que aqui estamos.

Viva Ponte de Lima. Viva a liberdade.

Paulo de Morais, 12 de Junho de 2009